Os brasileiros estão infartando cada vez mais cedo e o que antes parecia ser uma preocupação restrita a pessoas com mais de 50 anos passou a atingir também os mais jovens. De acordo com o Ministério da Saúde, as internações por infarto em indivíduos com menos de 40 anos subiram de 1,7 casos por 100 mil habitantes, em 2000, para quase 5 casos por 100 mil em 2022. Esse aumento de 184% acende um alerta sobre os riscos que o estilo de vida contemporâneo causa ao coração. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, um brasileiro morre a cada dois minutos em decorrência de doenças cardiovasculares.
Entre os principais fatores que explicam esse crescimento dos casos entre os jovens estão o uso indiscriminado de anabolizantes, uma alimentação repleta de ultraprocessados, o sedentarismo e o estresse, além dos já conhecidos fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão, colesterol alto, diabetes, tabagismo e histórico familiar.
“O uso de anabolizantes aumenta a pressão arterial, eleva o colesterol ruim (LDL) e reduz o colesterol bom (HDL), o que favorece a formação de placas de gordura nas artérias coronárias, aumentando significativamente o risco de infarto, insuficiência cardíaca, arritmias e até morte súbita”, aponta Even Mol, cardiologista dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat.

Por que os brasileiros estão infartando cada vez mais jovens?
A especialista ressalta que os casos de jovens com complicações cardíacas associadas ao uso de anabolizantes são cada vez mais frequentes nos consultórios e prontos-socorros.
“Um estudo recente, publicado em uma das revistas médicas mais conceituadas do mundo, mostrou que as pessoas que utilizam esteroides anabolizantes têm três vezes mais risco de infarto e nove vezes mais risco de desenvolver miocardiopatia”, alerta.
Má alimentação é grande fator
O aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, salgadinhos, doces, embutidos e fast food, também tem impacto direto na saúde do coração, sendo um dos principais motivos que está infartando as pessoas. “Sabemos que esses alimentos favorecem o aumento do colesterol, o ganho de peso, intensificam processos inflamatórios no organismo e contribuem para a resistência à insulina, que pode levar ao diabetes e, consequentemente, ao infarto”, explica o cardiologista Gustavo Lenci Marques, que também atende nos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat.
“Hoje, já está claro que o padrão alimentar tem tanto peso no risco de infarto quanto os próprios fatores genéticos, especialmente entre os mais jovens”, completa.
Even Mol reforça que a má alimentação, aliada ao sedentarismo e ao estresse, amplifica ainda mais os riscos, inclusive entre jovens.

Prevenção deve começar cedo
Apesar do cenário preocupante, a boa notícia é que, segundo especialistas, o infarto é, em grande parte, uma condição prevenível, desde que os fatores de risco sejam identificados e controlados de forma precoce. A recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) é realizar uma avaliação de risco cardiovascular a partir dos 20 anos de idade, mesmo sem sintomas.
O check-up cardiológico envolve a análise da história clínica, exame físico e exames laboratoriais. Quando necessário, também podem ser solicitados exames de imagem, como ecocardiograma, teste ergométrico e tomografia das artérias coronárias. “Para quem não apresenta fatores de risco, o acompanhamento pode ser feito a cada três ou cinco anos. Já para quem tem alguma dessas condições, o acompanhamento deve começar mais cedo e ser mais frequente”, detalha Marques.
Atenção aos sintomas
Embora muitas doenças cardiovasculares sejam silenciosas, Marques explica que alguns sinais devem servir de alerta para a busca por atendimento médico. Dor no peito — com ou sem irradiação para os braços, costas, pescoço ou mandíbula —, falta de ar, palpitações e cansaço excessivo estão entre os sintomas que podem indicar um infarto iminente.
“Muitos desses fatores são silenciosos, porém, ao identificar e controlar precocemente, complicações graves como infarto, AVC e insuficiência cardíaca podem ser evitadas. Prevenir é sempre melhor do que tratar”, finaliza o especialista.
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