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Distrito de Bananal: Evolução histórica e os agentes de sua transformação no município de Guaramirim – 76 Anos de criação e 140 de fundação (2026)

Distrito de Bananal, em Guaramirim, celebra em 2026 seus 76 anos de criação e 140 anos de fundação. Conheça a evolução histórica, os agentes de transformação e a importância desta…
Distrito
Foto: divulgação
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Distrito de Bananal: Evolução histórica e os agentes de sua transformação no município de Guaramirim – Ademir Pfiffer – Historiador – especial para o Jornal do Vale do Itapocu e Observamais

O recorte da dissertação de mestrado de Gerson Machado, apresentado sob o título “Distrito de Bananal”: Evolução Histórica e os Agentes de sua Transformação que gerou o município de Guaramirim”, traz uma síntese do processo histórico que marcou a formação da região. A pesquisa evidencia a relevância dos intendentes, lideranças comunitárias e demais atores sociais na consolidação de estruturas políticas, econômicas e culturais que possibilitaram a emancipação de Guaramirim.


Ao destacar a trajetória do antigo distrito de Bananal, o estudo reforça a importância da memória histórica como instrumento de valorização identitária e compreensão das bases sobre as quais se construiu o município. Trata-se, portanto, de um trabalho que contribui tanto para a preservação do patrimônio cultural quanto para o fortalecimento da consciência histórica da comunidade.

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1) Panorama histórico e formação administrativa
Origem colonizadora: Bananal nasce como resultante do avanço da colonização europeia na Colônia Dona Francisca. A Sociedade Colonizadora de Hamburgo inicia (1886) a venda de lotes numa área de quatro léguas do patrimônio dotal de D. Francisca; contratos previam título provisório e definitivo; lotes tinham média de 29,32 ha (variando de 1,25 a 375,56 ha).


Criação do distrito (Joinville): Em 2 junho de 1919, Resolução n.º 281 cria o Distrito de Paz de Bananal e fixa seus limites. A partir de então, os seguintes indivíduos foram nomeados para a repartição pública, por ordem: Agostinho Valentin do Rosário, Irineu Vilela Veiga, Gustavo Rubin (descendente de letos), Athanásio Rosa, Paulo Wagner (um dos fundadores da Sociedade Jacu Açu) e Albrecht Grützmacher.


Ferrovia como virada: A estação ferroviária (1910) desloca o eixo político-econômico de Itapocuzinho/Brüderthal para a sede de Bananal (área central da atual Guaramirim).

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Mudanças de status: Em 10 dezembro 1938, a sede é elevada à condição de vila; em 1948, Bananal é desmembrado de Joinville e anexado a Massaranduba; em 28 agosto de 1949, alcança autonomia político-administrativa (Guaramirim).

2) Comunidades e territórios formados
Antes de 1930 predominavam localidades com forte homogeneidade étnica:

  • Alemães: Schroeder, Itapocuzinho, Brüderthal.
  • Brasileiros: Poço Grande, margem esquerda do Itapocu, Itapocu, Guamiranga, Estrada Bananal.
  • Russos: grupo minoritário identificado em Itapocuzinho.
    Nas décadas de 1930– 1940, ocorre a expansão da área colonizada e surgem/ganham fôlego Rio da Prata (atual Caixa d’Água, Quati, João Pessoa, Estrada do Sul, Estrada Braço do Sul, Duas Mamas, Corticeira e Serenata. Quase metade (48,34%) de todas as negociações de terras (1887–1949) concentram-se nesse período.
    O caso de Schroeder ilustra a transição: de 98,11% de compradores com sobrenome germânico (até 1929), entre germânico-bálticos, pomeranos e alemães, para um quadro heterogêneo nos anos 1930–40 (alemães 54,55%, brasileiros 27,27%, italianos 18,18%).

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3) Traços políticos
Campanha de Nacionalização (Estado Novo): reconfigura práticas escolares e a vida pública (português obrigatório, hinos, datas cívicas; punições à escolas/professores fora do padrão). As memórias registram prisões, delações e um clima de tensão — mas também estratégias locais que permitiram preservar códigos identitários em espaços privados/comunitários.
Escola como arena política: negociações em escolas de localidades alemãs (ex.: Brüderthal) alternando ensino em português e usos simbólicos da cultura alemã em momentos específicos.

4) Caráter econômico
Colonização e terra como base da economia (contratos, títulos, lotes).
Ferrovia dinamiza o comércio e centralidade da sede.
Diversificação: ainda que o recorte da pesquisa privilegie 1930–40, o texto menciona, para além desse recorte, a aproximação de relações não-agrícolas/industriais** como complemento de renda, especialmente no entressafras.

5) Evolução histórico-cultural (identidades em negociação)
Família, escola, religião, trabalho e lazer são os espaços onde se forjam/negociam identidades. O lazer (bailes, festas) é central na produção de vínculos e na exibição de sinais diacríticos — às vezes em clima de tensão/violência, outras em convívio regulado pela etiqueta local;
Religião demarca fronteiras nítidas (católicos — brasileiros, poloneses, italianos e alemães; luteranos — majoritariamente teuto-brasileiros) e estrutura as comunidades.
Memória da nacionalização divide opiniões: para alguns, diminuiu conflitos; para outros, foi injusta ao reprimir o uso de idiomas de origem.

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6) Atores sociais (narradores/entrevistados) e objeto da pesquisa
A dissertação é construída a partir de 11 entrevistados (todos com mais de 65 anos), pessoas que vivenciaram o Bananal dos anos 1930–1940 e reconstituem relações interétnicas nos espaços do cotidiano.
Entre os nomes que emergem nas seções de memória estão, por exemplo:

  • D. Chica (Francisca Martins): Mulher negra, filha de Martinho de Souza e Maria Laureana Martins. Ela viveu no local onde foi entrevistada por cerca de 30 anos e faleceu meses depois. Seus avós eram cativos da região de Itapocu, e sua mãe foi “doada” para ser criada por outros. Ela se lembra do trabalho árduo e das histórias de violência da época do cativeiro. Para ela, a passagem dos dirigíveis alemães em 1934 e 1936 representava uma ameaça de restauração da escravidão. D. Chica era católica e, no momento da entrevista, também frequentava a Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo, que foi procurá-la após a morte de seus familiares.
  • D. Rosa (Rosa Schmidlin): Descendente de alemães, nascida em 1923, moradora da localidade Caixa D’Água. Ela falava alemão em casa e aprendeu português na escola. Sua família se mudou para Corticeira, onde a maioria da população era de brasileiros, e depois para Caixa D’Água após seu casamento. Ela frequentava a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, em Brüderthal, e casou-se com um homem do mesmo grupo étnico. D. Rosa relatou as dificuldades com a chegada de famílias italianas, que desestruturou as relações de vizinhança e que, para ela, causou a saída de muitos brasileiros da localidade.
  • D. Mariquinha (Maria da Silva Rodrigues): Mulher negra, nascida em 1930, filha de Luiz Bom da Silva e Maria Julia da Silva. Ela se mudou de Schroeder, uma localidade com predominância alemã, devido ao racismo. Sua família se estabeleceu em Putanga, onde ela trabalhou desde criança, inclusive ajudando uma família de poloneses. Casou-se com um homem branco e brasileiro, e a família dele não aceitava a união. Ela é conhecida por realizar benzimentos e se declara católica.
  • D. Irma (Irma Stein): Nascida em 1906, descendente de alemães. Ela estudou em uma escola alemã e aprendeu a falar português posteriormente. Casou-se com Santi Lunardini, um italiano, e a comunidade não os discriminava. Eles eram donos de um engenho e um comércio no território rural de Rio Branco. Ela é protestante, mas reza o terço católico por causa do marido falecido.
  • Sr. Fernandes (Fernandes Laudelino Cândido): Nasceu em Piçarras/SC em 1921 e se mudou para o distrito de Bananal aos 18 anos. Suas lembranças são marcadas pelas relações de trabalho e pela convivência com colonos de diversas origens. Ele se casou com uma mulher católica e, a seu pedido, converteu-se à religião “evangélica sabatista”. Para ele, os bailes eram locais de conflito e disputa, mas também de socialização.
  • D. Maria Unlauf: Nascida em Luiz Alves/SC, se mudou para Garuva e depois para o bairro Avaí em Guaramirim. Ela casou-se com um protestante aos 17 anos e teve dificuldades de convivência com a família do marido, que falava alemão. O marido posteriormente se tornou católico, ajudando a construir a Matriz de Guaramirim. Ela viveu na agricultura de subsistência e se recorda do trabalho árduo.
  • Sr. Walter (Walter Adam): Nascido em 1925, descendente de alemães, estudou em uma escola da comunidade onde as aulas eram em português e alemão. Ele aprendeu alemão primeiro e depois português. Ele serviu o exército no Rio de Janeiro e casou-se com uma mulher de seu grupo étnico. Ele é diretor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Brüderthal e lamenta o declínio da comunidade.
  • Sr. Daniel (Daniel Graudin da Silva): Nascido em Blumenau em 1935. Sua mãe era descendente de russos-letos, que fugiram do comunismo e imigraram para o Brasil via Polônia, recebendo nomes alemães. Ele se considera o “guardião da memória histórica do município” e tem um pequeno museu em casa com documentos e objetos históricos (hoje, pertencente ao Arquivo Municipal Pastor Wilhelm Lange). Seu discurso está alinhado com a história oficial, focando no progresso e pioneirismo dos colonos. Ele é membro da Igreja Assembleia de Deus e critica a convivência zero entre russos e brasileiros, que eram vistos como “escravos” pelos russos.
  • D. Maria Juliana (Maria Juliana Martins): Nascida em 1932 na localidade Duas Mamas. Seu pai era polonês e sua mãe, descendente de poloneses. Ela se comunicava em polonês em casa e aprendeu português na escola. Ela se casou com Getúlio Martins, um brasileiro, e a família dela, especialmente sua avó, não aceitava o casamento por ele ser “moreno”.
  • Casal Leitzke (Adolfo e Irmigard Bublitz Leitzke): Adolfo nasceu em 1928, descendente de alemães de nacionalidade húngara, e Irmigard nasceu em 1927, descendente de pomeranos. Ambos frequentaram escolas e catequeses (doutrina para os luteranos) em alemão. O casal é protestante, mas tinha uma boa relação com o padre Mathias, um imigrante alemão. Adolfo se lembra de ter apanhado do pai e que, por causa de problemas com ele, saiu de casa.
  • Sr. Machado (José Tomaz Machado): Nasceu em 1932 e se considera “caboclo”. Ele estudou por 4 anos, mas não sabia ler nem escrever. Ele se lembra dos castigos físicos na escola. O namoro com uma vizinha alemã não deu certo devido à desaprovação dos pais dela. Ele trabalhou como carpinteiro e considera sua experiência em Joinville a pior de sua vida, pois não se adaptou à cidade.
  • Objeto do estudo: compreender memórias e relações étnicas no distrito de Bananal (1930–1940) via história oral, analisando como diferenças foram negociadas em família, escola, religião, trabalho e lazer, especialmente sob a intervenção da Campanha de Nacionalização.

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Quem é Gerson Machado?
Você já trouxe o essencial, e organizo aqui como mini perfil:
Gerson Machado é historiador, Especialista Cultural – Educador de Museu no Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville/FCJ. Nasceu no município de Guaramirim.
Formação: Pós-doutorado (Memória Social e Bens Culturais, UNILASALLE, 2019); Doutorado em História (UFSC, 2012); Mestrado em História (UFPR, 2003 — a dissertação aqui utilizada); Graduação em História (UNIVILLE, 1995).
Temáticas de atuação: memória, história oral, religiões afro-brasileiras, patrimônio cultural, educação patrimonial, identidade, teoria e filosofia da História.

Consideração final

Bananal (atual Guaramirim) foi um laboratório de convivência interétnica, em que ferrovia, colonização e Estado Novo tensionaram — mas também recompuseram — pertenças locais, deixando marcas nos lugares de vida (família, escola, religião, trabalho, lazer), que os narradores da pesquisa de Gerson Machado nos ajudam a enxergar.

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