Cresci ouvindo a expressão de que “o Brasil é o país do futuro”. Essa frase ecoava como promessa, como esperança. Mas hoje, olhando ao redor, não vejo futuro — apenas um presente estagnado, desgastado e dividido. O país da promessa virou o país da “latinha”: latinha uma indústria, latinha uma loja, latinha um pai de família empregado, latinha um país que tinha futuro.
Não se trata apenas de direita ou esquerda. Lula errou, e muito, em suas atitudes políticas. Bolsonaro, por sua vez, errou em não fazer. O problema já não é ideológico: é estrutural, é cultural. A grande questão é: “Ó, quem poderá nos defender?”
Vivemos em um Brasil que colhe os frutos amargos de uma das piores educações do mundo. Um povo com QI baixo, que aprendeu a romantizar a dificuldade, a confundir ignorância com humildade, a acreditar que uma vida de sofrimento é mais nobre do que a busca pela excelência.
Nosso cenário político é reflexo disso. De um lado, religiosos armamentistas. Do outro, esquerdas libertinos. Ambos reduzidos a caricaturas de vertentes mundiais muito mais ricas em ideias, mas que aqui se transformaram em simplificações toscas. No Brasil, não se vota mais em pessoas — vota-se em partidos. Vale mais a legenda do que a biografia. É a lógica perversa: se o candidato está no meu partido, pouco importa se foi processado, preso ou condenado. Ele é “dos meus”. É o mesmo raciocínio que transforma um pedófilo convertido em “santo”.
As frases de nossos líderes políticos também dizem muito sobre quem somos. Karl Marx teria vergonha de ter Lula como representante da esquerda, com falas como “mulher de grelo duro” ou “Pelotas exportadora de viado”. Do outro lado, Jair Bolsonaro não fica atrás com declarações como “meu filho jamais seria homossexual, porque foi bem educado” ou “não estupraria porque é feia”, Adam Smith no auge da sua inteligência conservadora deveria olhar pro Bolsonaro e pensar “escrevi tanto para não entenderem nada”.. Isso é o que temos como liderança: um festival de grosserias que envergonha qualquer nação.
Enquanto isso, o brasileiro se perde em discussões rasas. Carros voadores em 2025? Nem sequer conseguimos formar políticos minimamente preparados, ou eleitores dispostos a fazer perguntas simples antes de votar: já foi preso? Tem família, filhos? Qual é sua profissão? O que fez pela comunidade antes de querer se tornar político? Critérios básicos foram abandonados, soterrados pela guerra estéril entre direita e esquerda.
A direita proclama representar Deus; a esquerda, que Jesus era comunista. Não é cômico, tampouco trágico — é simplesmente triste.
O que resta ao Brasil é tentar sobreviver. Não digo quem está certo, mas afirmo que ambos os lados erram ao priorizar a divisão. Lula no poder não dialoga com a direita. Bolsonaro, quando esteve lá, não dialogava com a esquerda. A política brasileira virou um cabo de guerra sem trégua, onde o povo é apenas a corda que se arrebenta.
Tenho saudades do Brasil do futuro, porque o Brasil do presente me causa medo e, sobretudo, tristeza. E sigo me perguntando: em que ponto da história deixamos de evoluir? Quando paramos de ser críticos e nos tornamos massa de manobra ideológica? Não sei se é possível retroceder na evolução — mas sei, com toda certeza, que o brasileiro sempre encontra uma forma de se superar em bobagens.

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