Da onda Bolsonaro ao deserto político: o fracasso da representação catarinense
Venho enaltecer o trabalho do jornalista Celso Machado que, neste mesmo veículo de imprensa, trouxe as palavras do prefeito de Joinville sobre a provável candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado por Santa Catarina, acrescentando ainda o apoio do deputado Sargento Lima a essa posição.
Por que destacar isso? Porque acredito que as palavras do prefeito nos fazem refletir, sobretudo para quem, como eu, sempre se declarou conservador. Que o deputado Sargento Lima apoie, não há dúvidas. Mas convém lembrar: ele nem catarinense é. Surgiu na “onda Bolsonaro” de 2018 e, desde então, apenas surfa nessa maré, sem apresentar projetos relevantes ou resultados concretos — limitando-se a vídeos em redes sociais e fotos fazendo arminha.
O problema, no entanto, não se restringe a Lima. Ele é apenas um dos 11 deputados que Santa Catarina tem, mas que, somados, não parecem render sequer um. Que projetos de impacto realmente apresentaram? Enquanto isso, a educação estadual segue com forte viés ideológico, considerada por muitos como “marxista”, sem avanços significativos em qualidade. A atuação parlamentar acaba restrita a iniciativas irrelevantes, configurando o que chamo de “conservadorismo de vitrine”: deputados que posam, mas não se movem.
E o que dizer de Carlos Bolsonaro? Sua possível vinda a Santa Catarina escancara a fragilidade da direita no estado. É o reconhecimento implícito de que não temos, hoje, lideranças à altura para disputar o Senado.
Muitos não serviriam sequer para a Assembleia Legislativa, quanto mais para o Congresso Nacional. Para o governador Jorginho Melo, entretanto, essa movimentação pode até ser estratégica: evita disputas internas entre aliados e neutraliza eventuais insatisfações.
E quanto à bancada federal do PL catarinense? Basta lembrar que nela está Zé Trovão para que qualquer análise adicional se torne desnecessária, apenas resalto que cada estado tem o “TIRIRICA” que merece”.
No fim, a política catarinense parece deslizar para o ralo, carente de nomes consistentes. Resta perguntar: quem, afinal, ainda sustenta a imagem de Santa Catarina em Brasília? A resposta é a mesma das últimas décadas: Esperidião Amin. Aos 77 anos, ele segue sendo referência de trabalho, dignidade e discurso coerente.
Em muitos aspectos, o estado nunca se recuperou da perda do ex-senador e ex-governador Luiz Henrique. E, no dia em que Amin deixar a cena política, não tenho dúvidas de que Santa Catarina viverá um verdadeiro deserto de lideranças — afundada em caricaturas que pouco representam a boa política.

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