Um enigma ainda sem solução | Egon Lotário Jagnow – 2025
-O nome Jaraguá vem de língua indígena, de uma língua tupi-guarani, certo?
-Certo.
-E é formado por duas palavras aglutinadas, “iara” e “guá”?
-Até aqui tudo certo.
A isto se ainda acrescenta que o nome foi dado pelos indígenas ao atual Morro da Boa Vista.
-Mas aí vem outra pergunta para bagunçar minhas ideias: Se foram os indígenas que lhe deram o nome, quem nos contou que o nome do morro era esse, uma vez que aparece, pela primeira vez, em um mapa só por volta de 1860? E será que foram eles mesmos que o denominaram assim?
Essas perguntas não querem calar em minha mente. Será que…?
Com essa dúvida cruel na cabeça, começo a vasculhar livros de história e mapas antigos. Faço uma regressão no tempo. Ali encontro alguns registros históricos, algumas ideias mais sensatas e outras, totalmente estapafúrdias.
Uma delas quer-me fazer acreditar que foram os bandeirantes que deram o nome Jaraguá ao morro, lembrando-se saudosamente do Pico Jaraguá, em São Paulo. Bandeirantes, será?! Há notícias que bandeirantes andaram por estas plagas? Nada encontrei. Sei que eles tinham outros destinos. Essa então não serve. Posso jogá-la fora. Há outras mais, mas como esta que citei, também não convencem.
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Mas, tem uma que despertou minha atenção: Diz que os indígenas, em suas andanças por aqui, principalmente, indo do litoral para o planalto, tinham o morro, quer se ergue altivo sobre o vale, como referência, como um guia.
Boa! Se a palavra é indígena e significa dono ou senhor do vale, então foram eles que lhe deram este nome!
Passado o primeiro momento de euforia – eureca, achei! – os pensamentos voltam à sobriedade. Não dá para ter mesmo alguns instantes de satisfação, viajar nas nuvens, pensar que solucionou um problema e ter paz mental! O pensamento vem com força: Se foram os indígenas que lhe deram este nome, se a palavra é da língua tupi, quem contou ou como o nome veio até o cartógrafo que desenhou o primeiro mapa com a localização do morro, denominando-o Jaraguá? As coisas, em vez de fáceis, parecem tornar-se cada vez mais difíceis. Com essa dúvida na cabeça não dá para descansar!
Para me livrar desse tormento, o jeito é enfiar novamente o nariz nos livros, soprando a poeira da história para ver se descubro algo que me possa ajudar.
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Aí vêm aquelas histórias dos povos primitivos que ocuparam a região. No litoral, há pelo menos seis mil anos atrás, era o homem do sambaqui. Quando os portugueses vieram para cá, toda a faixa litorânea, desde São Paulo ao Rio Grande do Sul, era habitada pelos carijós, um povo da família Tupi-guarani, em cujo vocabulário se encaixa a palavra “iaraguá”.
Muito bem, está explicado! Mas calma! Esses carijós não desapareceram do nosso litoral, antes da colonização de Joinville e Jaraguá do Sul, tempo em que foi feito o tal mapa onde aparece o nome Jaraguá pela primeira vez? Nada mais de carijós! Havia sumido igual fumaça no céu!
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Andavam por aqui os botocudos, ou xoklengs, da família Jê Meridional. A língua deles era diferente. Será que eles continuaram chamando o morro com este mesmo nome? Vai saber! E se é isto mesmo, quem informou ao homem branco que o nome do morro era “iaraguá”. Pelo que sabemos, entre eles não havia uma boa política de vizinhança, mas que “o pau cantava”.
Gente, no que fui me meter! Depois de horas de procura – de espirros causados pela rinite alérgica que não tolera a poeira, o mofo e os ácaros dos livros antigos – minha pergunta continua sem resposta: Como o nome Jaraguá veio até nós? O enigma continua sem solução.
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