PL, PT e o eterno teatro da política brasileira
Em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as eleições presidenciais tendo como vice José Alencar — pasmem — filiado ao Partido Liberal (PL). Sim, o mesmo PL que hoje se apresenta como oposição ferrenha ao Partido dos Trabalhadores. Para quem ainda tem boa memória — ou ao menos dois neurônios funcionais — vale lembrar: o vice-presidente do PT era do PL. E sabe por que Alencar acabou deixando a sigla? Porque, à época, o partido estava mergulhado até o pescoço nas denúncias do mensalão, o mesmo escândalo que o PL adora relembrar para atacar o PT.
A história política brasileira é repleta dessas ironias. O atual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, hoje ao lado de Lula, chegou a declarar em 2017, quando ainda era governador de São Paulo, que “Lula quer voltar à cena do crime”. A política, de fato, é engraçada — pena que os palhaços continuamos sendo nós, os eleitores.
E há inúmeros episódios semelhantes, tantas histórias que poderiam ser revisitadas, mas que parecem em vão. Afinal, o discurso segue o mesmo: o PL seria o bastião da moral e dos bons costumes, enquanto o PT seria o símbolo da corrupção. A realidade, no entanto, mostra que ambos os lados já caminharam juntos — e se beneficiaram disso.
Recentemente, Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, cogitou indicar um ex-presidiário de Jaraguá do Sul para um cargo de secretário. Um absurdo? Talvez. Mas nada que surpreenda num país onde Tiririca é eleito com votação expressiva e ainda assim repete: “Pior do que tá, não fica”.
A política brasileira se mostra cada vez mais podre — e previsível. O velho lema “dividir para conquistar” nunca esteve tão em alta. Cada grupo tenta vender sua própria santidade, enquanto por trás dos palanques, todos têm um preço.
Deputados do PL têm visitaram cidades catarinenses para apoiar prefeitos que sequer conheciam— mas com o cachê certo, tudo se resolve. Afinal, “apoiamos nossos irmãos”, como gostam de dizer.
E enquanto isso, nós, cidadãos comuns, seguimos assistindo a esse espetáculo tragicômico. Em mês de Oktoberfest, resta-nos beber para esquecer. E no próximo mês, com a Schützenfest, aqui em Jaraguá, além de beber, poderemos chorar — em alemão.
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