O PIX, sistema de transferências instantâneas criado pelo Banco Central do Brasil e que revolucionou a forma como brasileiros movimentam dinheiro, está sendo questionado pelos Estados Unidos. A revelação veio após o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) abrir uma investigação formal contra o Brasil, atendendo a um pedido do presidente americano Donald Trump.
Embora o nome “PIX” não seja citado diretamente no documento oficial divulgado nesta terça-feira (15), o texto menciona “serviços de comércio digital e pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, o que, na prática, se refere ao sistema operado pelo Banco Central — o único do tipo em solo brasileiro.

EUA alegam “práticas desleais”
Na investigação, o governo americano afirma que o Brasil “parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”.
Ainda segundo o documento do USTR, existem indícios de que o Brasil “se envolve em uma variedade de atos, políticas e práticas que podem prejudicar a competitividade das empresas americanas que atuam no comércio digital e em serviços de pagamento eletrônico”.
A investigação pode desencadear tensões comerciais entre os dois países, especialmente diante do sucesso estrondoso do PIX, que atingiu números impressionantes em 2024.
PIX assusta concorrência e bate recordes
Desde seu lançamento em novembro de 2020, o PIX conquistou grande parte da população brasileira. De acordo com o Banco Central, em 2024, o sistema bateu recorde de volume movimentado: foram R$ 26,46 trilhões transferidos, crescimento de 54,6% em relação a 2023 (R$ 17,12 trilhões). Também houve aumento expressivo no número de transações, que saltou de 41,68 bilhões para 63,5 bilhões.
Em novembro, quando o PIX completou quatro anos, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, destacou o impacto do sistema:
“Uma das coisas que mais impressionam é o uso do PIX por pequenos comerciantes, o microempreendedor individual, pelo sujeito que antes tinha dificuldade em oferecer um meio de pagamento digital aos seus clientes. Isso permitiu novos modelos de negócios, a pessoa que passa a vender produto na rede social, que precisa de um pagamento instantâneo. E também incluiu muita gente que mora em regiões remotas, que não tem agência bancária.”
WhatsApp Pagamentos e o impacto do PIX
O crescimento exponencial do PIX também influenciou decisões de gigantes do setor. Em dezembro de 2023, o WhatsApp — pertencente à empresa americana Meta — descontinuou a função de pagamento via cartão de débito no Brasil. A empresa alegou que priorizaria as transações via PIX.
O WhatsApp Pagamentos foi lançado em 2021 e exigia que os usuários tivessem conta bancária com cartões de débito de bandeiras como Visa ou Mastercard, emitidos por bancos como Itaú, Bradesco, Nubank, Banco do Brasil e outros. A preferência dos brasileiros pelo PIX, no entanto, pode ter tornado o modelo menos competitivo.
Fonte: G1
Fique sempre bem informado!
Participe do nosso grupo de WhatsApp e acompanhe as principais notícias do País. Acesse: www.observamais.com.br