Em um mundo onde, por muito tempo, o progresso foi medido apenas pelos números da economia, um pequeno reino asiático ousou pensar diferente. Na década de 1970, o Butão criou o conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB) como uma alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB). A proposta era ousada: em vez de avaliar o sucesso de uma nação apenas pela produção econômica, por que não medir pela felicidade real das pessoas?
O FIB parte da ideia de que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade vai além do dinheiro — envolve bem-estar, equilíbrio e satisfação com a vida. Para isso, considera dimensões como o bem-estar psicológico, a saúde, a educação, o uso equilibrado do tempo, a diversidade cultural e ambiental, a boa governança e o padrão de vida. São aspectos que, juntos, formam uma visão mais completa e humanizada do que significa viver bem.
Décadas depois, essa filosofia ganha força e ressignifica a forma como comunidades ao redor do planeta avaliam sua qualidade de vida. Hoje, o conceito de Felicidade Interna Bruta vem sendo estudado e adaptado por diversas nações, cidades e comunidades que buscam compreender e promover o bem-estar de forma mais ampla, sensível e conectada às reais necessidades das pessoas.
Neste caderno especial, ao celebrarmos os 149 anos de Jaraguá do Sul, convidamos você a olhar para a cidade sob essa perspectiva: o que faz de Jaraguá um lugar feliz para se viver? Quais são os pilares que sustentam essa felicidade? E como podemos continuar construindo, juntos, uma cidade onde o bem-estar coletivo seja prioridade?
Essas são as perguntas que nos guiarão a partir de agora. Nas próximas páginas, vamos explorar os elementos e descobrir detalhes que tornam Jaraguá do Sul um exemplo de bem-estar e qualidade de vida. Porque, aqui, a felicidade não é um conceito abstrato, mas uma realidade vivida, sentida e construída todos os dias.
FELICIDADE NO CENTRO
A história da Felicidade Interna Bruta (FIB) começa em 1972, no Butão, quando o então rei Jigme Singye Wangchuck propôs uma nova forma de medir o progresso de seu país. Em vez de seguir os modelos tradicionais baseados exclusivamente no crescimento econômico, o Butão passou a adotar um índice que refletisse o bem-estar real da população. Assim nasceu o FIB, um conceito que une desenvolvimento material e espiritual, e que considera que uma sociedade só é verdadeiramente próspera quando seus cidadãos vivem com equilíbrio, saúde, segurança e propósito.
O FIB é estruturado em nove domínios principais: bem-estar psicológico, saúde, educação, uso do tempo, vitalidade comunitária, cultura, meio ambiente, boa governança e padrão de vida. Esses domínios são desdobrados em 72 indicadores e 151 variáveis, que permitem uma análise profunda e sensível da qualidade de vida de uma população.
A partir dos anos 2000, o conceito de Felicidade Interna Bruta começou a ganhar visibilidade internacional, especialmente após o Butão apresentar oficialmente o índice na ONU (Organização das Nações Unidas), em 2011. Desde então, passou a inspirar uma série de debates globais sobre indicadores alternativos ao PIB e a ser estudado e adaptado por diversas nações e cidades ao redor do mundo.
Organizações como a ONU e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) incorporaram indicadores de felicidade em seus relatórios e estudos. Em abril de 2012, por exemplo, a ONU lançou o Relatório Mundial da Felicidade, aderindo de vez a essa nova fórmula de pensar o desenvolvimento de uma nação. O relatório foi um marco nesse processo e reforçou a ideia de que o progresso deve ser medido também pela qualidade de vida das pessoas e não apenas por sua produtividade econômica.
Desde então, o relatório é apresentado todos os anos, reunindo dados de mais de 150 países, com base em pesquisas do Gallup Wolrd Pool, e avalia fatores como PIB per capita real, apoio social, expectativa de vida saudável, liberdade para fazer escolhas, generosidade e percepção de corrupção. Esses dados são combinados e geram um índice de felicidade, que varia em uma escala de 0 a 10, permitindo comparações ao longo do tempo, sendo quanto maior o índice maior o nível de felicidade.
O Brasil está presente no relatório desde a primeira edição. Em 2015, alcançou sua melhor posição, ficando em 16º lugar. A pior colocação foi em 2022, quando o país ficou na 49ª posição, refletindo os impactos da pandemia.
Participação brasileira no Relatório de Felicidade da ONU

Pontuação do Brasil no Relatório Mundial de Felicidade, da ONU
2012: 6,8
2013: 6,9
2014: 7,0
2015: 6,983 (melhor colocação – 16ª)
2016: 6,952
2017: 6,635
2018: 6,419
2019: 6,300
2020: 6,293
2021: 6,330
2022: 6,125 (pior desempenho)
2023: 6,330
2024: 6,436
2025: 6,490
Como demonstra o Relatório Mundial da Felicidade 2025, nos últimos três anos, o Brasil conquistou avanços consistentes em diversos indicadores sociais e de bem-estar. A trajetória positiva fez o país subir oito posições em relação a 2024, alcançando a 36ª colocação entre os países mais felizes do mundo. Com esse avanço, tornou-se o segundo país mais feliz da América do Sul, atrás apenas do Uruguai (29ª posição geral). A Finlândia continua no topo do ranking, como o país mais feliz do mundo, pelo oitavo ano consecutivo.
O desempenho do Brasil em 2025 reflete os avanços em áreas como apoio social, liberdade individual e solidariedade, que ganharam força em meio a um cenário de reconstrução pós-pandemia e maior atenção à população por meio de políticas públicas. Esses avanços também se sustentam em melhorias concretas nos indicadores nacionais, entre 2023 e 2025, como:
- Queda na taxa de desemprego, que atingiu 7,4% em 2024, o menor índice desde 2015.
- Redução da pobreza extrema, com mais de 3 milhões de pessoas saindo da linha da miséria graças à ampliação de programas de transferência de renda e à valorização do salário-mínimo, com menores índices de pobreza e extrema pobreza já registrados no país desde 2012.
- Queda na desigualdade social, com o índice de Gini* passando de 0,518 para 0,505, sinalizando melhor distribuição de renda.
- Maior escolarização de jovens entre 15 e 17 anos, que chegou a 92,1% em 2024, com avanços na redução do abandono escolar.
- Ampliação no acesso a serviços básicos de saúde, com expansão da saúde primária, das equipes de saúde da família e de ações de cuidado com a saúde mental.
O que é o Índice de Gini?
Índice de Gini é uma medida estatística usada para calcular o nível de desigualdade de renda (ou de riqueza) dentro de um país. Ele foi desenvolvido pelo estatístico italiano Corrado Gini em 1912 e é amplamente utilizado por economistas, governos e organizações internacionais. O índice varia de 0 a 1, sendo que 0 representa a igualdade perfeita (todos têm exatamente a mesma renda) e 1 significa a desigualdade total (uma única pessoa detém toda a renda, e os demais não têm nada).
Por que medir o sucesso de uma cidade apenas pela economia, se o que realmente importa é a felicidade das pessoas?
O Relatório Mundial da Felicidade de 2025 também reforça que o bem-estar coletivo não se constrói apenas com indicadores econômicos ou acesso a serviços, mas floresce em sociedades que cultivam o cuidado, a partilha e a generosidade. Esses valores, cada vez mais presentes no debate da sociedade brasileira, apontam para uma nova forma de pensar as cidades: mais humanas, mais solidárias e mais conectadas às necessidades reais das pessoas.
E é justamente nesse espírito que voltamos nosso olhar para Jaraguá do Sul. Ao olharmos para a história da nossa cidade, momento presente ou futuro, percebemos nela exemplo de que é possível crescer com equilíbrio, preservando vínculos comunitários e construindo, dia após dia, um lugar onde a felicidade se vive na prática.
Ao analisarmos os domínios do FIB sob a perspectiva de Jaraguá do Sul, percebemos que muitos dos pilares desse índice estão presentes no cotidiano da cidade. A qualidade da educação, o acesso à saúde, a segurança, o contato com a natureza, a valorização da cultura e o senso de comunidade são elementos que contribuem diretamente para o bem-estar da população, demonstrado fartamente nos indicadores socioeconômicos e em especial nos sorrisos das pessoas que vivem aqui. Além disso, o uso equilibrado do tempo, com oportunidades de lazer, esporte e convivência, e a boa governança municipal reforçam a percepção de que Jaraguá do Sul é um lugar onde se vive com dignidade, tranquilidade e propósito.
“O verdadeiro progresso vai além dos números, ele está na qualidade de vida proporcionada às pessoas.”
Fique sempre bem informado!
Participe do nosso grupo de WhatsApp e acompanhe as principais notícias do País. Acesse: www.observamais.com.br