Com tensões comerciais, tarifas altíssimas e consumidores mais exigentes, as marcas de luxo enfrentam um dos momentos mais delicados da década. Entenda o cenário e o que muda a partir de agora.
O mercado de luxo vive um momento de tensão global
Se antes o mercado de luxo só aparecia nos noticiários pelas cifras bilionárias, coleções exclusivas e capas de revistas, hoje ele está no centro de uma disputa comercial entre as maiores potências do mundo.
Em junho, Estados Unidos e China se reuniram em Londres para tentar frear uma guerra comercial que já está afetando não só eletrônicos e automóveis, mas também o setor de moda de luxo e artigos premium.
As discussões giraram em torno de tarifas, exportações estratégicas e restrições comerciais, e os reflexos dessa tensão já aparecem nas vitrines, nos preços e nos relatórios financeiros das marcas mais desejadas do planeta.

As cifras e o impacto na moda de luxo
O que já era difícil ficou mais caro. Segundo dados recentes da Bain & Company, o mercado global de luxo deve encolher até 5% em 2025, bem diferente dos anos de expansão acelerada pós-pandemia.
O motivo? Além da economia global mais cautelosa, a escalada tarifária entre EUA e China está pressionando os preços.
Hoje, produtos de luxo fabricados na China podem pagar até 55% de tarifa para entrar nos Estados Unidos, enquanto os chineses aplicam tarifas de 10% para itens americanos e europeus.Marcas como Gucci e LVMH (dona de Louis Vuitton e Dior) já sentiram o impacto. Só no primeiro trimestre de 2025, a Gucci viu suas vendas despencarem 25%, enquanto a divisão de moda da LVMH caiu 5%.
O que a reunião em Londres decidiu e por que importa
Na reunião realizada em Londres no início de junho, os dois países firmaram um acordo provisório: durante 90 dias, novas tarifas não seriam aplicadas e alguns pontos seriam renegociados.
Entre eles:
- A retomada da exportação de minérios de terras raras da China, essenciais para tecnologias de ponta usadas na moda (como tecidos inteligentes e wearables).
- A possibilidade de ajuste nas tarifas de produtos de luxo até o segundo semestre de 2025.
Mas o clima ainda é de incerteza. Se até julho os termos não forem oficializados, novas tarifas podem ser aplicadas, aumentando ainda mais os preços e complicando a operação das marcas.

Como isso afeta o mercado de moda e luxo?
Essa tensão comercial e os custos mais altos estão obrigando as marcas a mudar rapidamente suas estratégias:
1. Produção descentralizada
Muitas grifes começam a transferir parte de sua produção para países como Vietnã, Índia e até Turquia, tentando escapar das tarifas e manter preços competitivos.
2. Preços mais altos para o consumidor
Com tarifas na casa dos 55%, bolsas, roupas e acessórios de luxo fabricados na China ficam mais caros para os americanos — e essa elevação de preços pode chegar também a outros mercados.
3. Força para marcas locais e nichadas
Com o luxo internacional mais caro e escasso, cresce a demanda por marcas de luxo regionais, slow fashion e produtos feitos sob medida, tendência que já vem ganhando espaço no Brasil.

O futuro do luxo: menos ostentação, mais propósito
Outro movimento importante é o crescimento do quiet luxury (o luxo discreto), sem logomarcas gigantes e com foco em qualidade, história e durabilidade.
Com o cenário econômico e político instável, consumidores de alto padrão estão trocando a ostentação pelo consumo consciente, investindo em peças que realmente fazem sentido e carregam valor emocional ou cultural.
A guerra comercial entre China e Estados Unidos não é apenas uma disputa alfandegária: ela afeta diretamente o dia a dia de marcas de luxo, altera preços, muda estratégias de produção e provoca uma transformação no comportamento de consumo.
O mercado de luxo, que sempre se orgulhou de ditar tendências, agora precisa se adaptar a um cenário em que geopolítica, sustentabilidade e discrição se tornam os novos símbolos de prestígio.
Enquanto isso, o Brasil, que vive um momento de expansão das grifes internacionais e marcas de luxo locais, deve acompanhar de perto os próximos capítulos dessa história, porque o reflexo dessas negociações pode impactar em breve também as vitrines nacionais.
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