Sempre senti um especial fascínio pelo mar. Caminhar pela beira da praia, sentindo a areia, observando as ondas que chegam lentamente até molhar os pés… O cheiro do mar, aquela maresia inebriante, o calor do sol, as aves aquáticas… Olhar a imensidão e o balançar das águas, a tonalidade do céu e a movimentação das nuvens me transmitem uma sensação indescritível de paz.
Esses dias a minha amiga Sandra Baron, atriz e diretora de teatro conhecida nos palcos catarinenses, que tem o privilégio de viver numa cidade praiana, me enviou lindas fotos do mar que me despertaram memórias lúdicas. Lembrei do passeio no “barco pirata” que percorreu as ilhas da região de Florianópolis, proporcionou encantamento e pitadas de História.
Praia de Bombinhas no inverno catarinense de 2025. Foto: Acervo Sandra Baron
Nessas horas de andar vagaroso por uma praia, o estresse e as preocupações que nos consomem os dias desaparecem. Para mim o som do mar tem esse poder, de me conduzir aos recônditos da alma, despertar a imaginação e resgatar doces lembranças da infância no Rio Grande do Sul.
Mas para possibilitar essa interação com o espírito do oceano, uma certa quietude é necessária, é claro. Aglomeração e silêncio não combinam, não é mesmo?
A verdade é que nunca gostei de praias superlotadas, com guarda-sóis praticamente colados e a consequente privacidade zero. Sempre que posso, fujo daquela balbúrdia toda, que inclui carros com a caixa de som no último volume, buzinas, alto-falantes e cornetas anunciando comes e bebes.
Para mim, nos horários do dia e nas épocas de baixa temporada são as mais proveitosas. É quando é possível relaxar, respirar ar puro e até encontrar o peculiar movimento dos caranguejos que saem das tocas, menos inseguros com a presença humana…
O barco colorido mostra a rotina e a persistência do pescador artesanal. Foto: Acervo Sandra Baron
Nos finais de tarde também é possível ver a chegada dos pescadores em seus barcos coloridos, que pouco a pouco vão tomando conta da areia. Os mais sortudos comemoram a pesca farta, enquanto outros renovam as esperanças na madrugada seguinte, quando retornam para alto-mar para trazer o maior número de peixes que conseguir. São aguardados ansiosamente pelos restaurantes e pelos habituais consumidores de pescados. E quem gosta de surfar, ou de ver a movimentação dos surfistas em suas pranchas, o jeito é acordar cedinho.
O entardecer também é propício para encontrar conchas (para os colecionadores e artesãos, são achados preciosos). A praia à noite também encanta através da intensidade da luz da lua e do cintilar das estrelas. Para muitos, é igualmente o lugar ideal para um luau e manifestações de fé.
E quando chove? Se não for um temporal assustador, desses que inunda tudo e as ondas invadem as casas e quiosques mais próximos, mas sim uma chuva fina, é hora de abrir os braços e aproveitar por uns instantes.
O inverno está se despedindo e em breve a Primavera deve chegar, amenizando o frio, intercalando dias de sol e chuvarada. Aos que preferem a tranquilidade da praia e se inebriar com a beleza do mar e seus mistérios, a estação deve favorecer.
É o mar! Mágico e instigante, apresenta infinitas possibilidades.
Sônia Pillon é jornalista, escritora, palestrante e colunista. Integra a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-SC). Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
