Nos últimos meses muito se tem falado sobre a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro, em Belém do Pará. A polêmica começou pela reclamação de parte dos países convidados, de que as tarifas dos hotéis e demais acomodações estavam altas demais, a ponto de pedirem intervenção governamental e ameaçarem não comparecer ao evento. Também houve pressão para que a sede do evento fosse transferida. Mas afinal, qual a importância da Conferência em termos globais? Será que finalmente as nações deixarão de falácia e partirão para ações concretas?

A Pre-COP reuniu representantes de mais de 70 países em Brasília, nos dias 13 e 14 de outubro. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30
É impossível ficarmos alheios às catástrofes ambientais ocorridas nos últimos anos, com perdas humanas e materiais mundo afora. Aquecimento global, derretimento das geleiras, secas, tornados, rios assoreados, chuvas torrenciais e inundações. Aqui mesmo no Brasil, quem não lembra das enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul, que devastou o Estado e resultou na comovente mobilização de bombeiros e voluntários de todos os cantos do país? Negar esses fatos é fechar os olhos para as evidências.
Em Belém, no coração da Amazônia, a 30ª Conferência visa alcançar metas audaciosas. De acordo com os organizadores, o evento “mobiliza ações climáticas voluntárias da sociedade civil, empresas, investidores, cidades, estados e países para intensificar a redução das emissões, a adaptação às mudanças do clima e a transição para economias sustentáveis, conforme previsto no Acordo de Paris”.
Vale destacar que o Acordo de Paris é um tratado internacional de 2015, que objetiva combater as mudanças climáticas e limitar o aquecimento global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais.
Crise climática também reflete na saúde
Em entrevista recente, a diretora-executiva de Médicos Sem Fronteiras (MSF-Brasil), Renata Reis, afirma ser essencial tornar a saúde protagonista das discussões globais sobre o clima na COP30. “As consequências são muitas, mas posso destacar o calor extremo, que atinge populações de áreas urbanas, especialmente idosos, e as mudanças no regime de chuvas e na temperatura”, destaca. Renata exemplifica essas mudanças facilitam “a propagação de vetores de doenças, como mosquitos, que passam a viver onde antes não estavam presentes”.
Lembra que as secas e inundações afetam a agricultura, geram desnutrição, movimentos migratórios e disputas por territórios.
Renata Reis entende que todos esses fatores devem ser considerados e resultarem em ações concretas. “Nossa expectativa é de que as vozes dos que têm de enfrentar esses problemas possam ser ouvidas”, resume.
“É importante ser em Belém”
Para a diretora-executiva do MSF-Brasil, o fato do evento ser sediado em Belém é de especial importância: “A sociedade brasileira é muito plural e vibrante, com um ambiente democrático muito propício para que as decisões tomadas na COP sejam influenciadas por esse cenário. Vai ser uma oportunidade única para ouvir o que os representantes das comunidades afetadas pela emergência climática têm a dizer e contribuir”.

Sônia Pillon é jornalista, escritora, palestrante e colunista. Integra a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-SC). Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.




















