Crianças e adolescentes estão preparados para lidar com as armadilhas das redes sociais? Como é possível ampliar a proteção para esse público-alvo no ambiente digital? Essas questões estão na pauta do dia da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (20), quando será votada a “PL da Adultização” em regime de urgência. O tema que domina as discussões nas últimas semanas ganhou repercussão nacional com o vídeo do influenciador Felca, que denunciou a exploração de menores de idade na internet.
Hytalo Santos e Israel Nata Vicente foram denunciados por Felca por abusarem da imagem de crianças e mostrou como o algoritmo de plataformas digitais favorece o acesso desse tipo de conteúdo para pedófilos. Os dois acusados estão presos preventivamente desde 15 de agosto e já estavam investigados pelo Ministério Público da Paraíba por crimes de tráfico humano e exploração sexual infantil.
O casal mantinha uma mansão em que os jovens eram tratados como “propriedades”, chamados de “crias” e pagava em torno de três salários mínimos para as famílias desses menores.

Cuidados para não pular etapas da infância são essenciais para que as crianças cresçam de forma saudável
Votação no Congresso
De extrema relevância, esse projeto de lei prevê que as plataformas têm a responsabilidade de proteger crianças e adolescentes e medidas “para “prevenir e mitigar o acesso e a exposição a conteúdos relacionados à exploração sexual, violência física, assédio e bullying virtual de crianças e adolescentes”. Com isso, as chamadas big techs deverão avaliar as publicações para impedir que o acesso de conteúdos “ilegais, danosos e em desacordo com a classificação etária”.
Vale lembrar que se for aprovado hoje pelos parlamentares, a matéria retorna para o Senado, que já havia aprovado em novembro do ano passado. O impasse está formado: as bancadas do PL e do Novo contestam, por considerarem que pode abrir brecha para regulação das redes sociais. Agora temos para que torcer que os nossos representantes no Congresso Nacional consigam avançar com a pauta.
Paralelamente, espera-se que os pais ou responsáveis legais “fiquem espertos” e passem a orientar de forma mais efetiva sobre os perigos da exposição inadequada na web e monitorar a navegação de crianças e adolescentes, evitando danos, muitos irreversíveis, como o cyber bullying, extorsões e criação de conteúdo utilizado por pedófilos, desafios que levam à automutilação e à prática de crimes.
O que é a adultização
O termo “adultização” é designado para situações em que uma criança, ou adolescente, são expostos a comportamentos, conteúdos, ou mesmo responsabilidades típicas de adultos, inadequadas a idade.
Especialistas apontam que a adultização precoce pode trazer consequências emocionais e psicológicas graves, traumáticas, porque antecipa experiências e pressões que a criança ainda não está preparada para enfrentar. Isso pode afetar a autoestima, a percepção de si mesma e o desenvolvimento saudável.
Quem é Felca?
Mais conhecido como Felca, o nome verdadeiro do influenciador digital é Felipe Bressanim Pereira, 27 anos, nascido em 25 de julho de 1998, em Londrina, no Paraná. Youtuber e humorista, começou a carreira no Youtube em 2012, com ovídeos de gameplay. Mais tarde passou a adaptar o conteúdo para um estilo humorístico, em que interpreta um personagem irônico que aborda temas atuais.
A popularidade explodiu quando decidiu denunciar um tema sério: a exploração sexual e o uso de imagens de crianças e adolescentes. O vídeo de 50 minutos alcançou mais de 40,5 milhões de visualizações em apenas oito dias. Felca soma 17,2 milhões de seguidores no Instagram e 6,6 milhões no TikTok. No canal secundário, @felquinhas, acumula mais de 2 milhões de inscritos.
Nos conteúdos em tom de humor, lê comentários de vídeos e publicações, reage a memes e comenta sobre temas engraçados da semana.

Sônia Pillon é jornalista, escritora, palestrante e colunista. Integra a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-SC). Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.