Ser correspondente de guerra é uma atividade de risco, isso é um fato! Porém, a morte deliberada de seis jornalistas em um bombardeio na Faixa de Gaza, no domingo (10), pelo governo israelense, não compromete apenas a cobertura internacional: deixa claro o quão frágil é o exercício do Jornalismo quando denuncia e expõe atrocidades cometidas contra uma população desarmada e vulnerável. Como jornalista, o meu sentimento é de tristeza e indignação.
Calaram as vozes que transmitiam a realidade para o mundo. Desde o início da ofensiva em resposta ao ataque do Hamas, em 2023, em torno de 200 jornalistas foram mortos no conflito.
Dos seis executados na tenda reservada aos profissionais de imprensa, cinco eram da TV Al Jazeera, com destaque para o repórter Anas Al-Sharif, de 28 anos, que fazia cobertura diária e denunciava a dramática realidade da população de Gaza. Por sua vez, o governo de Benjamin Netanyahu justificou a ação dizendo que Al-Sharif era ligado ao Hamas. Aliás, essa é a retórica utilizada para qualquer pessoa que se solidarizar com os civis atacados de Gaza, que estão morrendo alvejados, de doenças não tratadas e de desnutrição. E onde está a preocupação com os reféns? Por quanto tempo ainda se manterão vivos?
Segundo a DW, cerca de 100 crianças já morreram de fome em Gaza nesse início de agosto. Foto: AFP
Crianças importam em todo o lugar!
De acordo com a DW, até 8 de agosto, cerca de 100 crianças palestinas morreram de fome e esse número não para de crescer. Incluindo os adultos, aproximadamente 200 por desnutrição. As imagens que as mostram desesperadas, sacudindo panelas e bacias plásticas vazias em busca de comida são de cortar o coração! Isso sem contar as que foram mortas em bombardeios, alvejadas, e as que se tornaram órfãs e perderam integrantes da família. Tudo isso registrado e transmitido pelos profissionais da mídia.
Independente se a pessoa se identifica como de “direita”, ou de “esquerda”, as imagens que nos chegam de Gaza são irrefutáveis.
Criança é criança e merece proteção, amparo e amor, não importa o país, raça, muito menos crença! A dor de uma mãe palestina é tão pungente quanto a de uma mãe israelense, ou de qualquer outro lugar!
“Matam pessoas inocentes”, afirma Ana Kasparian
Mesmo entre integrantes da mídia norte-americana, considerando que os Estados Unidos apoia Israel, há os que criticam o que acontece em Gaza. Para a jornalista estadunidense Ana Kasparian, a comunidade internacional repudia veementemente a ação das tropas em Gaza: “São odiados no mundo, não por serem judeus, mas porque matam pessoas inocentes”.
E você, leitor, concorda com Ana Kasparian?
Sônia Pillon é jornalista, escritora, palestrante e colunista. Integra a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-SC). Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
