Brasil – A piada chamada Republica de ontem e hoje
No início do século XX, em 1914, o jurista, escritor e senador Ruy Barbosa bradou no Senado Federal palavras que atravessaram o tempo:
“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Mais de 100 anos se passaram, mas o discurso mantém uma atualidade assustadora. O Brasil de hoje, assim como o de outrora, parece fadado a repetir os mesmos erros, sem evoluir em sua essência cívica e moral.
Ainda em sua época, Ruy Barbosa alertava:
“A degeneração de um povo, de uma nação ou raça, começa pelo desvirtuamento da própria língua.”
E como não reconhecer o retrato atual nessa afirmação? A língua pátria tornou-se campo de disputas estéreis — entre debates sobre gênero nas palavras, a valorização de gírias em detrimento da norma culta e até a desqualificação da gramática como algo “ultrapassado”. Para alguns, basta “se comunicar”, sem forma, sem regra, sem tradição. O resultado é o empobrecimento da expressão e, com ela, do próprio pensamento.
Outro alerta de Barbosa também ecoa:
“Não é a terra que constitui a riqueza das nações, e ninguém se convence de que a educação não tem preço.”
O Brasil falhou justamente no pilar que sustenta qualquer civilização: a educação. O sistema que, nas décadas de 1960 e 1970, formava gerações respeitadas e competentes — ainda que excludente —, hoje se expandiu em quantidade, mas perdeu a qualidade. Transformou-se em palco de experimentações pedagógicas que privilegiam “achismos” em vez de conhecimento sólido. Criou-se a geração do “eu acho”, mas pouco se vê da geração que sabe.
O próprio Ruy já ironizava os intelectuais de ideias rasas:
“O escritor curto em idéias e fatos será, naturalmente, um autor de idéias curtas, assim como de um sujeito de escasso miolo na cachola, de uma cabeça de coco velado, não se poderá esperar senão breves análises e chochas tolices.”
Se vivo fosse hoje, talvez o velho jurista apenas confirmasse sua desesperança diante de um Brasil marcado pela falência moral, intelectual e política. O que ele denunciava em seu tempo, nós continuamos a viver no nosso.
Diante disso, resta a súplica: que a História nos devolva homens e mulheres à altura de sua missão. Que surjam novos Ruy Barbosas, Nelson Rodrigues capazes de falar sem medo, Dom Pedros capazes de decidir, Vargas com coragem para enfrentar, princesas Isabels com fibra para sacrificar. Até mesmo vozes singulares como a de Clodovil, que nunca se vitimizou de sua condição, mas transformou-a em exemplo de luta.
Enquanto isso, o que se vê é um país que ainda se apequena, correndo o risco de se tornar apenas uma lembrança — um sonho que, um dia, se chamava Brasil.

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