Bonecos hiper-realistas ativam memórias de dor emocional, segundo psicanalista e neurocientista Elainne Ourives.
A febre dos bebês reborn — bonecos ultrarrealistas que imitam com impressionante fidelidade recém-nascidos — ganhou popularidade no Brasil e no mundo, especialmente entre colecionadores e pessoas em busca de conforto emocional. No entanto, especialistas em saúde mental fazem um alerta importante: a prática pode esconder feridas emocionais profundas e reativar traumas ligados a perdas não elaboradas.
Bebês reborn são símbolo de perdas emocionais reprimidas
Segundo Elainne Ourives, psicanalista, neurocientista e doutora em Psicanálise, os bebês reborn não são apenas objetos estéticos ou ferramentas terapêuticas inofensivas. “O boneco representa, em nível simbólico, perdas não elaboradas, ausências não resolvidas e dores emocionais do inconsciente. Não é o bebê em si que é segurado, mas sim o que foi perdido e ainda dói profundamente”, explica.
A especialista ressalta que, enquanto na superfície trata-se de um boneco de silicone cuidadosamente detalhado, em níveis mais profundos da psique ele representa a saudade de um filho, a maternidade não vivida ou a carência da própria criança interior. “O bebê é uma tentativa simbólica de suprir o que nunca foi vivido: o colo que não foi dado, a criança que não nasceu, o afeto que não chegou”, completa Ourives.

O cérebro reage como se fosse real — mas ativa o sistema de dor
A neurociência também sustenta essa percepção simbólica. Elainne explica que o cérebro não distingue realidade de imaginação — ele apenas sente. Assim, ao segurar um bebê reborn, o sistema límbico (região cerebral responsável pelas emoções) reage como se estivesse diante de um bebê verdadeiro.
Contudo, esse contato não ativa sentimentos genuínos de plenitude, mas sim o sistema de dor emocional. “O cérebro acredita que está matando a saudade, mas na verdade a pessoa está apenas distraída, mascarando a ausência. Isso cria um looping emocional negativo, mantendo o inconsciente preso à dor”, destaca.
Tentativa de substituição do afeto perdido não traz cura
Autora dos livros DNA da Cocriação (2020) e DNA Revelado das Emoções (2021), Ourives afirma que usar um bebê reborn como substituto emocional não soluciona o verdadeiro problema: a ferida interna da rejeição, do abandono e da carência.
“Enquanto você continuar segurando o que representa a sua dor, sua criança interior continuará sozinha no escuro”, reforça.
Reborn O caminho da cura: reprogramação emocional e autocompaixão
Para romper esse ciclo emocional, Elainne defende a reprogramação do circuito emocional ligado ao abandono e a cura da criança interior. Ela propõe um método com quatro passos fundamentais para quem deseja realmente se libertar desse padrão:
- Reprogramar o circuito emocional da dor
- Curar a criança interior ferida
- Elevar a frequência vibracional pessoal
- Cocriar uma nova identidade consciente e segura
Segundo a especialista, o verdadeiro processo de autocura e transformação pessoal começa quando a pessoa aprende a ser mãe de si mesma. “Você não precisa de um bebê de silicone. Precisa segurar a si mesma com o amor que sempre esperou receber. O único bebê que precisa ser acolhido agora é a sua nova versão: inteira, reprogramada e inabalável”, conclui.
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