O mundo parece mesmo de cabeça para baixo! Não faz muito tempo, quando se via uma mulher com um bebê recém-nascido, a primeira pergunta era quantos dias de vida, o nome e se era parecido com a mãe, ou o pai. Hoje, quando avistamos um mulher carregando um neném, já temos que nos certificar se é um ser vivo, ou um boneco, que de tão perfeito em suas características físicas, parece mesmo ser de “carne e osso”. Para mim, que a maternidade e o ato de “maternar” o filho foi um divisor de águas e um acontecimento tão maravilhoso quanto aguardado, é incompreensível demais. Aliás, para a quase totalidade das mães e de pessoas que têm um mínimo de bom senso…

Divulgação: Bebê reborn
É a febre do Bebê Reborn! Momento em que artistas, celebridades e influenciadores entraram nessa, reverberando essa onda incontrolável e insana, que faz as pessoas preferirem cuidar de um boneco de plástico como se fosse um bebê de verdade, porém, sem as responsabilidades de amar, criar, educar, prover e acompanhar o crescimento de um filho, ou filha, pelo resto da vida.
Entre o envolvimento permanente com um ser gerado do próprio ventre e adquirir um bebê reborn, “prontinho”, sem ter que trocar fraldas, cuidar quando está com febre, e tudo o mais, optam pela segunda opção… Por sinal, é só procurar na internet que existem vários modelos desses bonecos no catálogo, devidamente precificados. O mercado está sempre atento às novas tendências para faturar…
É a cultura do descartável, das soluções rápidas e fáceis. Um triste cenário, quando pensamos em quantas crianças estão abandonadas, desassistidas e à espera de adoção. E quando lembramos das crianças que sofrem com sede, fome e desespero em Gaza, vítimas inocentes de um genocídio, assim como as que são sacrificadas em outros conflitos pelo mundo, tudo se torna ainda mais absurdo!
Insanidade e o bebê Reborn
A insanidade alcançou patamares tão absurdos que já existem “mães” indo a postos de saúde e filas segurando esses bebês, que antigamente eram vistos apenas nas brincadeiras da infância, quando meninas eram preparadas emocionalmente para uma futura gravidez, quando crescessem. É um comportamento que mostra um desequilíbrio mental preocupante, como se as pessoas quisessem escapar, fugir das pressões do dia a dia, de traumas mal resolvidos, carências… Como já foi dito pela psicanalista, neurocientista e doutora em Psicanálise Elainne Ourives, o Bebê Reborn atua como “um substituto emocional de um afeto perdido, a saudade de um filho, uma maternidade não vivida, ou ainda a carência da própria criança interior”. Portanto, pessoas que aderem a essa saída compensatória para a dor precisam de tratamento para suas feridas emocionais.
Reações do poder público ao bebê Reborn
Já existe hospital para esses bebês em questão. E também há relatos de pedidos de “licença-maternidade” (oi?). Como era de se esperar, o poder público se articula em diversas frentes, nos municípios, unidades da Federação, com projetos de lei para garantir que atendimentos médicos emergenciais sejam realizados – apenas! – para pacientes humanos… Parece piada, mas para quem ainda não sabe, esse projeto foi apresentado na segunda-feira (19) por vereador de Florianópolis. A pauta dos bebês reborn já chegou à Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Já a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro analisa o projeto de lei número 5357/2025, “que institui Programa de Saúde Mental para pessoas que se consideram pais e mães de bebês reborn”. O projeto prevê acompanhamento psicológico e acolhimento para prevenir transtornos, como depressão e suicídio para essas pessoas. A que ponto chegamos?!

Sônia Pillon é jornalista, escritora, palestrante e colunista. Tem formação em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduação em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-SC). Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
Fique sempre bem informado!
Participe do nosso grupo de WhatsApp e acompanhe as principais notícias do País. Acesse: www.observamais.com.br Siga em nosso Instagram e em nosso facebook