Hoje é 20 de setembro, dia em que as gaúchas e os gaúchos “de todas as querências” celebram a data de 1835, quando aconteceu a Tomada de Porto Alegre, e iniciou a revolta da então província contra o governo imperial.
A data simboliza a liberdade, a força, a resiliência e as tradições seculares de um Estado do Extremo Sul do Brasil, uma cultura que se espalhou por todos os cantos do país, que se diferencia pelas danças, músicas, vestimentas, hábitos e culinária típica.

Estátua do Laçador, em Porto Alegre, e a bandeira do Rio Grande do Sul. Imagem: https://www.mtgmt.com.br/
É hora de comemorar a superação, as vitórias e renovar as forças para as lutas em curso, especialmente após a tragédia climática que devastou o Rio Grande do Sul, há um ano!
As perdas humanas e materiais permanecem vívidas na memória do povo gaúcho, que com certeza não se cansa de agradecer a solidariedade que recebeu dos brasileiros. Uma gratidão que até mesmo os gaúchos que hoje vivem em outros estados, como eu, e até outros países, sentem também.
Das memórias da infância e pouco tempo depois que me formei, vivi na capital rio-grandense, nesse torrão que tem como vizinhos o Uruguai e a Argentina.
É um povo que desde cedo precisou aprender a defender seu território para sobreviver, justamente por estar encravado entre duas fronteiras. O resultado disso? O espírito guerreiro e persistente que comanda a alma e o coração de cada gaúcha e gaúcho, não importando onde viva, nem quanto tempo está longe da terra natal. Não por acaso, o lema é: “Não está morto quem peleia!”.
Desde o final de 1996 vivo em Santa Catarina e sei que encontrei o meu lugar em Jaraguá do Sul, a linda cidade que escolhi para viver. E é daqui que reverencio as minhas raízes gaúchas.
Parabéns, gaúchas e gaúchos, de todos os costados!
A Revolução Farroupilha

Pintura épica dos revolucionários da Revolução Farroupilha, de Guido Mondin
Guerra dos Farrapos, Revolução Farroupilha, ou Revolta Farroupilha. Assim ficou conhecida a revolução, guerra, ou revolta regional, de caráter republicano , antagonista ao governo imperial do Brasil. Era a época da então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, originando a República Rio-Grandense. Foram longos 10 anos, de 20 de setembro de 1835 a 1º de março de 1845, quando foi assinado o Tratado de Poncho Verde.
A iniciativa partiu dos grandes proprietários de terra do Rio Grande do Sul, os estancieiros, insatisfeitos com os altos impostos cobrados pelo governo imperial sobre seus produtos. Por isso se tornou separatista, como forma de obter liberdade comercial e política. Os negros escravizados foram recrutados para lutar, com a promessa de liberdade, em caso de vitória contra o império, mas foram atraiçoados e mortos em um conchavo com o Império. Em 2024, os Lanceiros Negros receberam reconhecimento oficial que incluiu seus nomes no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”, reparando parte da injustiça e destacando a importância desses guerreiros. Também há relatos de uma infantaria composta por 80 indígenas guaranis, em uma unidade de lanceiros provenientes dos Sete Povos das Missões.
A Revolta Farroupilha influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras, a Revolução Liberal que viria a ocorrer em São Paulo, em 1842, e para a revolta denominada Sabinada, na Bahia, em 1837.
O levante dos farrapos (nome dado aos revolucionários, por lutarem com trajes maltrapilhos), foi influenciado pela guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa Fé. Chegou a ser expandida à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Fontes: Wikipédia e https://www.todamateria.com.br/guerra-dos-farrapos).

Sônia Pillon é jornalista, escritora, palestrante e colunista. Integra a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-SC). Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.